Ano após ano, celebramos a Páscoa antecedida pelo tempo da Quaresma, alternando os dias, sabendo que se trata de uma festa móvel, é marcada sempre, desde há séculos, depois da primeira lua cheia de Primavera, o que faz com que esta festa caia em março ou abril. Esta repetição anual da Páscoa, ainda que habitualmente em dias e às vezes em meses diferentes, não significa celebrar mais do mesmo, mas sim celebrar o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus que provoca e desinstala os cristãos a não serem o mesmo, ou seja, a nos deixarmos tocar e renovar, interior e espiritualmente, para fazer deste Mistério central o epicentro da nossa fé e da nossa vida, em cada ano, em cada dia.
Para os cristãos de todo o mundo, este é momento alto do calendário anual do qual derivam outras festas, pois é a Páscoa de Jesus que dá sentido à Páscoa que a Igreja celebra. Por isso, mais do que assentar numa mera repetição e banalidade é, antes de tudo, uma memória viva do Mistério mais importante, central e essencial da vida dos cristãos e que precisa de ser repetido, celebrado e experienciado anualmente. Um mistério que não se esgota num dia ou numa semana, mas que se prolonga por 50 dias e que se expande para além destes, pelo ano inteiro, antecedido pelos 40 dias a que chamamos de Quaresma, e que se apresenta como o tempo de preparação «pelo qual se sobe ao monte santo da Páscoa».
O nosso território, contagiado pela vontade de sedimentar e criar tradições em torno do Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus e com vontade de preservar a tradição herdada, assume este projeto identitário da Semana Santa de Santa Maria da Feira com a determinação de o tornar, cada vez mais, uma referência que ultrapassa fronteiras e congrega esforços, assente no ânimo e diálogo entre parceiros – Município de Santa Maria da Feira, Grupo Gólgota, Paróquia São Nicolau da Feira e Santa Casa da Misericórdia da Feira –, abrangendo e atraindo outras instituições.
Com uma programação que se tem vindo a afirmar como abrangente e diferenciadora, Santa Maria da Feira vive e celebra a Quaresma, entre 14 de fevereiro e 7 de abril, preparando com intensidade a Semana Santa como ‘Semana Maior’ do calendário cristão, e prolonga essa vivência na alegria experimentada da Páscoa.
Este tempo cristão, carregado de simbolismos e tradição, é de todos, é também nosso e para nós. Vamos vivê-lo juntos, como comunidade que há muito se habituou a envolver em projetos singulares e de marca que extravasam fronteiras.
P. César Costa, cp
Presidente do Grupo Gólgota
Coordenador da Semana Santa de Santa Maria da Feira